quando o vô voltou da guerra
o vô voltou cansado
com pernas magras e feias
cheias de sebo e sal
sentíamos pena do vô
quando o vô voltou da guerra
o vô via calangos no ar
e uma estrela invisível
na cumeeira do céu
o vô ria e chorava
tarde e noite
não queria mais viver
um dia
o vô deitou e dormiu
e quando acordou
carregava nos olhos
os olhos de Deus
Poema do livro Memorial dos meninos | Rudinei Borges | 2014