: vi o sol se dissipar pelas terras:
não era noite: era manhã: um átimo em março: o menino riu-se: vamos ao
deserto (ele disse) quando cessar a tempestade vamos ao deserto (ele disse): folhas
secas em alamedas: no outono: quando o mar despejar o sol em desamparo veremos
o rapto das roseiras: teremos anos inteiros pela frente: e os sinos e os sinos e os sinos e os sinos: você me disse: vá
embora sozinho: não posso ir embora sozinho: não posso deixar cântaros (vazios)
sobre tábuas: vamos alumiar frestas do sobrado velho com candelabros ávidos de consternação e
partida: toda estrada é voz de Deus que se alastra pelo areal: toda
estrada é cavidade:
Cavidade| Poema do livro Memorial
dos meninos | Rudinei Borges | 2014