sempre rezei
sozinho
na escuridão
com os anjos
e uma multidão
de poetas calvos
sempre rezei
deitado
na cama da
sala
no silêncio da
noite esperava Judas
abrir a porta
dos fundos
e sentar num
tamborete velho
esperava Judas
levantar a cabeça
e pedir
com um gesto
calado
um pouco de
água
um pouco de
pão
e depois andar
devagar
pela casa
com o corpo
arrastado
e nunca mais
partir
Retrato de Judas triste | Poema do livro Memorial dos meninos | Rudinei
Borges | 2014