Diante do
oratório
durmo.
Amanheço. Resisto.
Os santos
olham compadecidos.
Não sou
pecador – eu digo.
Mas há tempos
não acredito – confesso.
O Menino Jesus
de Praga chora
com o mundo na
palma da mão.
Que possa
fazer? – pergunto.
Também sou
menino. Amarelo.
Franzino. Não
faço milagres.
Rezo aos pés
de um homem
de braços
abertos. Pregado na cruz.
Não gosto de
cruz. Vinagre.
Cravos.
Espadas. Martelos.
Coroas.
Chagas. Espinhos.
Amo pastores.
Reis magos. Cordeiros.
Labuta.
Silêncio. Desvelo.
O que há de
mais humano
na vida dos
santos.
Nisto creio,
Senhor.
No resto, não.
O oratório| Poema do livro Memorial dos meninos | Rudinei
Borges | 2014